terça-feira, 26 de outubro de 2010

PMERJ sofre com a perda de valorosos policiais em confronto com o tráfico

 

 NÚMERO DE POLICIAIS BALEADOS É MAIOR QUE EFETIVO DAS UPP'sNa quarta-feira anterior, o cabo Marco Aurélio Andrade de Lima, 38, lotado no 34º BPM (Magé), morreu após ser baleado durante tentativa de assalto, no bairro Olavo Bilac, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ele chegou a reagir e trocar tiros com os criminosos, mas foi atingido nas costas. O PM ainda foi socorrido e levado para o Hospital Municipal Doutor Moacyr Rodrigues do Carmo – também conhecido como Hospital Geral de Duque de Caxias -, no bairro Vila São Luiz, mas já chegou sem vida à unidade. De acordo com testemunhas, os criminosos fugiram em um Corsa Sedan prata.

Em 23 dias, 15 PMs foram baleados no Estado do Rio de Janeiro – sendo que 10 não resistiram. Com isso, mesmo antes de seu término, o mês de outubro aparece em terceiro lugar na estatística de policiais mortos no Estado ao longo do ano de 2010 – ficando atrás somente de janeiro, que teve 12 mortos, sendo 8 PMs e quatro policiais civis; e maio, que teve 11, sendo 10 PMs e um policial civil. Faltando uma semana para terminar, o número de assassinados em outubro é o mesmo do mês anterior: em setembro, 10 policiais foram mortos no Estado do Rio – sendo oito PMs e dois policiais civis.

De janeiro a hoje, o número de policiais atingidos por tiros chegava a 150 – a quantidade é maior que o efetivo de sete das 13 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) implantadas em morros e favelas localizadas nas zonas Norte, Sul e Oeste do Rio. Apenas nas UPPs da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste; da Providência, na região central do Rio; e do Andaraí, Borel e Turano, na Tijuca, na Zona Norte, há mais de 150 PMs lotados.

 

Na Favela de Acari, no bairro de mesmo nome, na Zona Norte do Rio, no último sábado, dia 23. Na ocasião, o cabo Jorge Luís da Boa Morte, lotado no 6º BPM (Tijuca), morreu após ser atingido por tiros disparados por traficantes da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP). Ele estava acompanhado pelo cabo Eduardo Guimarães Monteiro, 27 anos, lotado no 15º BPM (Duque de Caxias) e por outros dois amigos: Diego Alves de Araújo, 23, e Adriano Carvalho de Araújo, 27. 


 Os quatro estavam no Doblô preto placa KYZ 0535 e voltavam de uma casa de shows na Baixada Fluminense quando erraram o caminho e entraram na favela, na localidade de Linha Verde. Assim que começaram os tiros, Jorge Luís teria saído do veículo tentando reagir, mas acabou atingido no peito. Mesmo baleado, o outro PM consegui conduzir o carro até a Avenida Automóvel Clube, onde pediu socorro. Os sobreviventes foram socorridos e levados para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, também na Zona Norte.

No dia 18, o cabo reformado da Polícia Militar Amaral, 46, foi baleado durante uma tentativa de assalto, em Barros Filhos, na Zona Norte do Rio. Ele passava pela Rua das Flores, quando se deparou com três homens armados que pretendiam cometer assaltos na região. O PM reagiu à ação dos criminosos, iniciando um confronto. Um dos bandidos foi baleado e morreu no local. O policial foi atingido no ombro e levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.

Três dias antes, o soldado Rafael Aguilar de Oliveira, lotado no 19º BPM (Copacabana), morreu ao reagir a uma tentativa de assalto, na Rua Francisco Enes, na Penha, na Zona Norte do Rio. Ele estava no carro com a mãe quando foi abordado por dois criminosos. Ao reagir, o PM foi baleado por outros dois bandidos que davam cobertura aos comparsas. O soldado chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha, mas não resistiu aos ferimentos.

No dia 13, o soldado Anderson Augusto do Nascimento Barcelos, 20, lotado no 20º BPM (Mesquita), foi baleado durante uma tentativa de assalto na Estrada Rio do Pau, em Anchieta, na Zona Norte. Ele tentou impedir que bandidos levassem seu carro e acabou atingido na barriga. O PM foi levado para o Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste.

No dia anterior, o sargento reformado da Polícia Militar, Ivan Ceará Abraão, 62, morreu após ser baleado em um posto de combustíveis na Rodovia Presidente Dutra, na altura do bairro Jardim América, na Zona Norte do Rio. Testemunhas contaram que o PM foi abordado por homens armados quando abastecia seu carro, na pista sentido São Paulo. Ele chegou a trocar tiros com os criminosos, que fugiram levando apenas sua pistola.

Já no dia 10, o soldado Pinheiro, lotado no 3º BPM (Méier), foi baleado de raspão na cabeça por ocupantes de um Astra prata, no bairro Lins de Vasconcelos, na Zona Norte. Ele e um outro PM realizavam patrulhamento de rotina quando suspeitaram do veículo na Rua Verna Magalhães. Houve perseguição e os bandidos fizeram disparos contra a viatura. O policial ferido foi levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, também no Méier. Os bandidos conseguiram fugir.

No dia anterior, o sargento Marcelo Domingos da Silva, 40, lotado no Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (BPRv), morreu após ser baleado quatro vezes, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O crime ocorreu na esquina da Rua Camarugi com a Avenida Paulo Afonso, na localidade de São Geraldo. Segundo a Polícia, o sargento estava de folga e teria tentando reagir a um assalto. O PM ainda foi socorrido e levado para o Hospital Estadual Rocha Faria, também em Campo Grande, mas não resistiu.

No dia 6 de outubro, o soldado Rodolfo de Souza, 31, lotado no 4º BPM (São Cristóvão), cometeu suicídio após atirar diversas vezes contra a mulher, Érica Braga, 30. O crime ocorreu na residência do casal, na Rua Jaime de Carvalho, em Realengo, na Zona Oeste. Vizinhos contaram que ouviram uma forte discussão antes do barulho dos tiros.

Na véspera, o cabo Márcio Sá Campos, lotado no Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), havia sido baleado ao reagir a uma tentativa de assalto na Estrada do Coelho, no bairro de mesmo nome, em São Gonçalo. O PM chegava em casa quando foi abordado pelos criminosos, que conseguiram fugir. O cabo foi socorrido e levado para o Hospital Estadual Alberto Torres – mais conhecido como Hospital Geral de São Gonçalo – no bairro Colubandê.

No dia 2, três PMs foram assassinados. Lotado na UPP do Morro do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, o soldado Gilberto Lima Barbosa, 30, foi morto a tiros na Rua Bela Vista, no bairro Vila Paulina, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Ao lado do corpo, um veículo estava parado, com marcas de sangue. O PM estava há um ano na corporação.

Os outros dois policiais também foram mortos na Baixada. Lotado no BPRv, o soldado Luiz Fernando da Silva Coelho, e o sargento Wilson Luiz da Silva, que era reformado, mas trabalhava no monitoramento de câmeras de segurança da Sala de Operações do 15º BPM, morreram após serem baleados na Rua 31 de Março, no bairro Parque Paulista, em Duque da Caxias. Os dois PMs estavam de moto e foram mortos por homens que estavam em um Fiat Idea que conseguiram fugir após realizar os disparos. Enquanto Coelho morreu no local, Wilson chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, mas não resistiu.
 
O primeiro caso ocorreu no primeiro dia do mês. Lotado no Quartel-General (QG) da corporação e integrante da equipe de segurança dos filhos do comandante geral da PMERJ, o soldado Rodrigo Luiz dos Santos, 28, morreu ao reagir a tentativa de assalto no bairro Mutondo, em São Gonçalo. Ele chegou a trocar tiros com os criminosos, que também morreram. Identificados como Renato carlos Lima dos Santos e Júlio César Luís Domingos Júnior, ambos de 22 anos, eles já tinham passagem pela Polícia, respectivamente por tráfico e assalto a mão armada.

A estatística de 2010 possui 78 policiais mortos – sendo 66 PMs mortos, 11 PCs mortos e um agente da Polícia Federal. Dos 72 sobreviventes, 63 eram PMs, oito eram policiais civis e um era policial federal. Dos 150 policiais, 60 estavam de serviço. Onze eram PMs reformados e um era policial civil aposentado. O ano de 2009 terminou com 187 policiais fluminenses sendo alvos de atentados. A estatística fechou com 98 PMs mortos, 12 PCs mortos, 70 PMs baleados, 6 PCs baleados e 1 PRF baleado. Dos 187 policiais, 64 estavam de serviço: 20 morreram.

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