segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Polícia e Forças Armadas invadem outro reduto do crime no Rio

Reuters (Reuters)
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Helicópteros e veículos blindados da polícia e das Forças Armadas iniciaram na manhã deste domingo a operação para ocupar o conjunto de favelas do Alemão, uma das principais fortalezas de criminosos no Rio de Janeiro para onde fugiram dezenas de homens armados após a ocupação da favela Vila Cruzeiro na quinta-feira.
Centenas de policiais fortemente armados, a maioria deles embarcados em ao menos 10 veículos blindados da Marinha operados por fuzileiros navais, subiram as ladeiras por diferentes pontos do Alemão, enquanto ao menos quatro helicópteros sobrevoavam o local com voos rasantes sobre as casas, de acordo com imagens de TV mostradas ao vivo.
'Vamos usar a força máxima para resolver de vez essa questão,' disse a jornalistas o coronel Paulo Henrique Moraes, comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) logo após o início da ação, que começou pontualmente às 8h.
'Vamos aproveitar os veículos blindados para lançar as primeiras equipes, o que já aconteceu, e vamos lançar outras equipes por demais pontos,' acrescentou.
Desde sexta-feira mais de mil homens do Exército e da Polícia Federal ajudam a polícia fluminense ocupando o perímetro do Complexo do Alemão para impedir a fuga dos criminosos, que são acusados de comandar a onda de violência na cidade que resultou na morte de ao menos 46 pessoas em uma semana.
A polícia deu um ultimato no sábado para que os suspeitos traficantes se rendessem e entregassem as armas, mas, segundo a Polícia Militar, não houve nenhuma rendição no local determinado dentro da favela. Ao menos 30 suspeitos foram detidos tentando escapar do cerco, incluindo dois homens acusados de serem importantes líderes do tráfico de drogas na localidade.
Criminosos e as tropas da brigada paraquidista do Exército trocaram tiros repetidas vezes desde a ocupação militar das entradas e saídas do Complexo do Alemão, deixando ao menos 10 feridos, incluindo um soldado, um policial e um fotógrafo da Reuters.
A operação em torno do Alemão foi iniciada após a fuga em massa de dezenas de homens armados para a comunidade em consequência da tomada na quinta-feira pela polícia, com ajuda de veículos blindados da Marinha e fuzileiros navais, da favela Vila Cruzeiro, outro reduto dos criminosos acusados de comandarem a onda de ataques a veículos e alvos policiais na cidade.
Ao menos 100 carros e ônibus foram incendiados por criminosos desde o domingo passado, e ações da polícia em resposta aos ataques nas ruas deixaram pelo menos 45 suspeitos mortos em confrontos, de acordo com a polícia. Uma jovem de 14 anos também morreu, vítima de bala perdida. Mais de 100 suspeitos já foram presos pelas autoridades por envolvimento com o crime organizado.
Autoridades da área de segurança consideram as ações violentas desencadeadas na semana passada uma resposta à nova estratégia implementada na capital com as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), que provocou a saída de chefes do tráfico de favelas onde esse tipo de policiamento foi instaurado. Acuado e forçado a deixar algumas áreas da cidade, o crime organizado estaria reagindo.
A implantação das UPPs em 15 das centenas de favelas espalhadas pela cidade é considerada o maior avanço na área de segurança pública da capital fluminense nos últimos anos, e a medida foi inclusive citada pelo Comitê Olímpico Internacional como um exemplo de que a cidade será segura para a Olimpíada de 2016. O Rio também será palco central da Copa do Mundo de 2014.
(Edição de Vanessa Stelzer)

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